Terapia é só para pessoas “fracas”
- psicóloga Yacira Alencar
- há 3 dias
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Atualizado: há 2 dias

Antes de tudo gostaria de te fazer uma pergunta.
Para você, o que define uma pessoa como “fraca”?
A construção, ou seja, a definição do que venha a ser uma pessoa fraca, muitas vezes é definido pela cultura onde aquela pessoa está inserida. No contexto social e psicológico, a fraqueza de uma pessoa pode ser definida por sua falta de autonomia, autossuficiência, resiliência e capacidade de lidar com desafios. Vamos trazer a luz à essa conversa, para que todos entendam melhor o exemplo do ritual da tucandeira, da tribo Sateré-Mawé, povo indígena que habita a região do médio rio Amazonas, aqui no Brasil, mais precisamente na Terra Indígena Andirá-Marau, na divisa dos estados do Amazonas e Pará. Ritual este, que é um marco na transição da adolescência para a vida adulta, que para considerar o indígena adolescente forte, homem viril é preciso passar por uma prova, onde põe a dor a um nível altíssimo. O que dizer deste ritual? Se suportar, o jovem indígena vai provar que é forte, que não tem fraqueza e está pronto para a vida adulta e a proteção da tribo.

Muitas vezes, a fraqueza pode ser observada como medo de expressar opiniões, dificuldade em tomar decisões, dependência excessiva dos outros, falta de controle emocional, facilidade em desistir diante de obstáculos e tendência a evitar situações desconfortáveis e também, procrastinando o autocuidado. Valores e crenças, normas sociais, história e contexto.
Vamos observar os sistemas de crenças, que engloba os valores e crenças nos fatores culturais que podem influenciar a percepção de fraqueza dentro das culturas, com foco na individualidade e competição, podendo valorizar a força e a independência, enquanto culturas mais coletivistas podem valorizar a interdependência e o apoio mútuo. Neste contexto, o ser humano pode ser considerado muito pela validação do próximo, como no caso do ritual da tucandeira, da tribo Sateré-Mawé.
Já ao que diz respeito às normas sociais, diferentes culturas podem ter expectativas distintas sobre como as pessoas devem se comportar em situações de dificuldade, o que pode influenciar a percepção do que é considerado "fraco". Importante considerar a história e contexto, pois o passado de uma cultura, suas experiências com desafios e conquistas, pode moldar a forma como a força e a fraqueza são percebidas. Mais uma vez, pegando como exemplo, a tribo Sateré-Mawé. O destino de um integrante é decidido por uma prova de resistência física, havendo pressão psicológica, mas inegavelmente a aprovação vem da força maior em controlar os sentidos físicos, a dor.

Não vamos deixar de considerar que a religião e a espiritualidade podem influenciar a forma como a fragilidade humana é vista e aceita, podendo ser interpretada como um aspecto natural da condição humana ou como algo a ser superado.
Exemplos de como a fraqueza pode ser percebida: Dificuldade em expressar emoções; Dependência de outros; Falta de autoconfiança; Incapacidade de lidar com a pressão; Importância de considerar a diversidade cultural
É fundamental reconhecer que a percepção de fraqueza é subjetiva e culturalmente moldada. O que pode ser considerado fraco em uma cultura pode não ser o mesmo em outra. Portanto, ao avaliar o comportamento de um indivíduo, é importante considerar o contexto cultural em que ele está inserido.
Atenção!
*Os textos do blog são informativos e não substituem atendimentos realizados por profissionais.
Gostou deste assunto? Consulte a psicóloga, Yacira Alencar e vamos refletir sobre nossos hábitos comportamentais!